Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)
Avenida Severino de Almeida vai ser tomada por jovens
Estimativas da prefeitura de Jaguari apontam que o Carnaval movimenta, por ano, no município, algo em torno de R$ 5 milhões, incluindo a economia formal e informal. Esse cálculo leva em conta hospedagem, aluguel de casas e vendas no comércio local. O secretário de Finanças, João Martins Pinheiro, observa, no entanto, que não significa que todo esse dinheiro entra no caixa do município.
- O impacto do Carnaval não é algo imediato para os cofres municipais, mas a economia da cidade sai ganhando - afirma o secretário de Finanças, João Martins Pinheiro.
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A prefeitura lembra, também, que não só Jaguari ganha com a folia, mas, também, empresas de cidades da Região Central, como as de transporte coletivo, com destaque para Santa Maria e Santiago. Nas estações rodoviárias, foram colocadas linhas extras de ônibus. As empresas especializadas em excursões também lucram.
Com base em um ranking da agência Expedia (que divulga destinos de viagens e hotéis), divulgado pela administração municipal, o Carnaval de Jaguari está entre os 19 melhores do país. E é com esse respaldo que a prefeitura adotou uma fórmula que vem dando certo: terceirizar a festa.
Por meio de um processo de licitatório, o Executivo contrata uma empresa que paga um valor para a prefeitura para realizar a festa. O lucro da empresa sai da venda de ingressos, de bebidas e lanches. A edição deste ano foi vendida a R$ 30 mil, mas com a soma dos valores pagos em Imposto sobre Serviços (ISS), a expectativa é que esse valor chegue na casa dos R$ 40 mil a R$ 45 mil. A prefeitura lucra, ainda, com a venda de espaços no entorno da avenida. Empresas e pessoas podem adquirir os espaços para comercializar lanches e bebidas, pagando taxas e alvarás que, em alguns casos, podem chegar a R$ 2 mil (somado tudo o que é cobrado para a licença).
A All Time Music Hall, que realizou o Carnaval de 2018, venceu, também, a licitação deste ano. A empresa ficará responsável pelos serviços de segurança, limpeza, manutenção e atrações da festa. Uma das novidades deste ano na área de infraestrutura é a instalação de 24 sanitários (12 masculinos e 12 femininos) com um sistema de limpeza ecológico. A parte de segurança é reforçada pela prefeitura e pela Brigada Militar.
- O Carnaval se constituiu num produto turístico da cidade, atraindo milhares de foliões de toda a região e até de outras regiões do Estado. Ficamos sabendo que até uma família que mora em Arroio do Sal, cidade litorânea, vai deixar a praia para vir para o nosso Carnaval. Isso demonstra a grandiosidade do nosso evento - ressalta o vice-prefeito Lucas Cattelan (MDB), que ficou de prefeito em exercício durante a semana.
TODO MUNDO LUCRA
O Carnaval de Jaguari não é somente sinônimo de alegria para quem vai para a avenida se divertir. O comércio local também faz a festa, mas com as vendas, que aumentam significativamente com os milhares de foliões.
Do açougue ao hotel, passando pelas padarias, lancherias e lojas, não há quem reclame da invasão de jovens à cidade. Até o dono de um posto de combustível na Rua Sete de Setembro, esquina com a Severiano de Almeida, onde fica o "sambódromo", comemora.
- No Carnaval, aumenta a venda de combustível, temos mais lavagem de carros e o estacionamento fica lotado. A gente estima um incremento entre 10% e 15% no nosso faturamento - diz Fernando Lovato, 50 anos, proprietário do posto, que lucra, ainda, com a loja de conveniências e a lancheria.
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"SAFRA" DOS CAMPINGS
Proprietário há seis anos do Camping Ceva Gelada, Robson da Silva Viaro, 37 anos, afirma que esta é a melhor época do ano para o negócio. Ele conta que, em 2018, mais de 600 pessoas acamparam no local. No início da semana, já tinha reservas de blocos de cerca de 20 cidades, entre elas, Alegrete, Itaqui, Santa Maria e São Borja. O camping tem lancheria, churrasqueiras, estacionamento e banheiros. Com diárias a partir de R$ 30 por pessoa, o local é tranquilo e tem segurança 24 horas.
- A nossa safra é o Carnaval - afirma Viaro, que conta com a ajuda de 12 funcionários e dois vigias para cuidar do estacionamento.
No camping do Clube de Caça e Pesca de Jaguari, fundado em 1976, há espaço para 2,8 mil barracas. No entanto, a direção do Capejar (foto) acredita que, neste ano, acomodará entre 1,8 mil e 2 mil foliões. A diária custa a partir de R$ 100, por pessoa, conforme o espaço que alugado. O presidente do Capejar, José Ricardo Battaglin, no entanto, diz que o Carnaval não faz grande diferença para o clube, que se mantém com associados, veranistas e com o estande de tiro.
HOSPEDAGEM NA INTERNET
Na fanpage do Carnaval 2019 de Jaguari no Facebook não faltam ofertas de transporte, aluguel de quartos e pátios e até hospedagem em casas de moradores, com direito a alimentação. Nas semanas que antecedem as noites de festa, o número de pessoas oferecendo algum tipo de serviço ou produto aumenta significativamente.
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Proprietária de loja, a empresária Michele Lutz, 39 anos, alugou o pátio de casa, onde, segundo ela, há acomodação em barracas para até 25 pessoas. A diária individual custa R$ 50, com direito ao uso das dependências do imóvel, com fogão, banheiros e churrasqueira. Antes, ela alugava peças da residência, mas, neste ano, resolveu locar apenas a parte externa. Além da hospedagem, Michele também lucra com a venda de espetinho, entrevero no pão e bebidas, que ela vai vender em uma barraquinha, no Calçadão.
- Tenho sócio na banquinha do calçadão e vamos dividir o lucro e as despesas - diz Michele, que estima até R$ 5 mil de lucro (dividido pela metade), já descontado o investimento em alvarás e a taxa da prefeitura.
HOTEL E POUSADA LOTADOS
O hotel Giardino Victtória, que ficou conhecido por hospedar artistas da Globo há duas semanas, estava com 85% de seus 36 apartamentos e suítes reservados, na última segunda-feira. Com diárias que podem chegar a R$ 430, conforme a acomodação escolhida, o Giardino hospeda famílias de várias cidades do Estado e até de fora para o Carnaval e aposta em lotação neste final de semana e na seguna-feira.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
- Vem gente até do Rio de Janeiro. Há alguns anos, com aquela tragédia em Santa Maria (incêndio da boate Kiss, em janeiro de 2013), o movimento ficou mais fraco, mas, depois, recuperamos e, neste ano, promete ser bem forte - diz a gerente Franciele Moletta, 35 anos.
Franciele acredita que o movimento de agora tem mais a ver com o Carnaval de Jaguari do que com a fama que o Giardino ganhou com a hospedagem de Juliana Paes e outros artistas globais.
Proprietária da Pousada São Marcos, a três quadras da avenida do samba, Maria Nunes de Castro, 56 anos, só tinha disponíveis dois dos 17 quartos que aluga. No local, os foliões podem optar por diárias de R$ 90, com direito a ventilador, ou R$ 110, com ar-condicionado. A pousada também oferece aos hóspedes café da manhã, serviço incluído no preço das diárias. Maria diz que não tem do que se queixar: